Este fim-de-semana, tenho andado nostálgica. Mas não é aquela nostalgia que nos faz ficar tristes, mas sim aquela que nos faz pensar no passado sem nos entristecer.
Passei cinco anos na preparatória de Valongo. E, naquela altura, adorava aquele lugar. A escola podia não ter as melhores condições, mas era especial e única para mim. Sempre que entro na secundária, vejo a preparatória lá ao fundo. Vejo o pavilhão gimnodesportivo, onde ganhei quatro torneios de futebol (5º, 6º, 7º e 9º ano), onde vi grandes amigas minhas de outras turmas apanharem grandes desilusões, onde eu própria as apanhei, onde me aleijei forte e feio nos pulsos e tornozelos e chorei de dor, onde arranjei uma cicatriz nas costas por me ter raspado toda na parede a fazer o pino, onde pela primeira vez a minha melhor amiga se agarrou a mim a chorar, no meu ombro esquerdo. O lado bom e mau dos desportos colectivos/individuais.
Foi no 5º ano que, pela primeira vez, fui mandada ao Conselho Directivo, por ter saído da escola sem autorização para ir comprar gomas à “Laribete”, denunciada pelos meus colegas. Filhos da mãe! Não tiveram coragem para se escapulirem e, então, resolveram lixar-me…
Foi no 8º ano que, pela primeira vez, levei um recado da directora de turma na caderneta, por ter mandado um estouro com a bola à cara de uma rapariga da minha turma que se estava a meter comigo a mais de vinte metros (ainda hoje me interrogo como é que tive pontaria…).
Foi num jogo de futebol, dia 28 de Novembro de 2001, andava eu no 8º ano, com uma bola de ténis, no pátio da sala C3, que conheci aquela que é, desde essa altura, a minha melhor amiga.
Durante o meu 10º ano, passei a vida a correr para lá. Estava muito ligada àquele espaço? Não. Estava muito ligada às pessoas que fazem (ou faziam) parte daquele espaço. Tinha lá a Teresa, a Inês Salomé, o André.
Há mais de um ano que lá não vou. Porque as pessoas que lá estavam e de quem eu gostava já foram para a secundária.
Às vezes, penso nos meus professores, principalmente, nos do 3º ciclo. No professor Alberto, de matemática, que me dava cabo da cabeça, quando eu tirava suficientes por não estudar nada, mas que foi fundamental para que passasse a tirar 19’s agora nessa disciplina, na professora Conceição, de português e francês, que foi das primeiras pessoas a apreciar a minha escrita e que, ainda hoje, me apoia e elogia o meu trabalho e que gosta de Metallica ( \m/ oh yeah!), na professora Antonieta, de história, que fazia testes com 10 perguntas, 10% cada uma, e que, com esse esquema, desenvolveu imenso a minha capacidade de raciocínio e relacionamento de factos, na professora Cristina, de inglês e directora de turma por três anos, que, um dia me surpreendeu, na viagem de finalistas ao Algarve, e compreendeu exactamente porque é que eu estava a chorar.
Passei grandes momentos lá, tanto para o bem como para o mal, conheci muita gente – alguns que são, ainda, essenciais na minha vida, outros com quem é raro falar –, fui feliz, construí muito do que sou hoje.
Era (é) um lugar especial para mim. Não pelo espaço em si, mas por todas as memórias e realidades que nasceram dali.
Qualquer dia, volto lá.