II
Passeavam os dois felizes pela rua acima, envoltos numa esfera que os envolvia no seu mundo e os separava do mundo banal das pessoas banais. Tinham sido transportados para outra dimensão, onde não se apercebiam dos olhares desdenhosos que lhes eram dirigidos, onde simplesmente ignoravam os outros transeuntes.
Não faziam "poucas vergonhas", não se lambuzavam, enquanto subiam a rua. O rapaz ia, simplesmente, com o braço a envolver os ombros da rapariga, enquanto falavam baixinho, só entre eles, sem mais ninguém ouvir. E eram a personificação da Alegria.
Talvez fosse esse mesmo o problema. Num mundo cinzento em que todos caminhavam contando os paralelos de granito e reprimindo gestos afectivos, era pecado estar alegre.
As velhotas desdenhosas comentavam, olhando e apontando, sem se incomodarem a baixar a voz. Inveja da Alegria e do Amor que não tinham.
- Pouca vergonha! No meu tempo, o meu Manel respeitava-me muito! Só namorávamos à janela e com a autorização dos meus falecidos paizinhos! Que aquilo no meu tempo havia muito respeito aos pais, não é a pouca vergonha de agora!
Ora, porra! Um abraço é uma pouca vergonha? E que falta de respeito há num abraço?
Talvez tenha sido esse pseudo-namoro que a tornou tão azeda... Inveja do que não teve. Saudades do que não conheceu.
E eu numa sombra escura, observando e invejando, também, mas admirando o que não tenho e me faz falta.
Não faziam "poucas vergonhas", não se lambuzavam, enquanto subiam a rua. O rapaz ia, simplesmente, com o braço a envolver os ombros da rapariga, enquanto falavam baixinho, só entre eles, sem mais ninguém ouvir. E eram a personificação da Alegria.
Talvez fosse esse mesmo o problema. Num mundo cinzento em que todos caminhavam contando os paralelos de granito e reprimindo gestos afectivos, era pecado estar alegre.
As velhotas desdenhosas comentavam, olhando e apontando, sem se incomodarem a baixar a voz. Inveja da Alegria e do Amor que não tinham.
- Pouca vergonha! No meu tempo, o meu Manel respeitava-me muito! Só namorávamos à janela e com a autorização dos meus falecidos paizinhos! Que aquilo no meu tempo havia muito respeito aos pais, não é a pouca vergonha de agora!
Ora, porra! Um abraço é uma pouca vergonha? E que falta de respeito há num abraço?
Talvez tenha sido esse pseudo-namoro que a tornou tão azeda... Inveja do que não teve. Saudades do que não conheceu.
E eu numa sombra escura, observando e invejando, também, mas admirando o que não tenho e me faz falta.
1 Comments:
P-E-R-F-E-I-T-O! bj* inês*
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